ATTENAS AULAS

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Arnaldo Jabor: “UFC é uma mistura de viadagem com sangue”. Você concorda??

E eis que a pátria em chuteiras, como dizia o tio Nelson, vira a pátria do vale-tudo.
Os novos heróis do esporte são onipresentes na tv e em todos os eventos bregas ou chiques. Na passarela do Fashion Rio, inclusive.
Outro sintoma que prova a tese da pátria do vale-tudo: Galvão Bueno, o locutor oficial do futebol, passou a transmitir também as sanguinolentas pelejas da UFC, o novo xodó do cordialíssimo povo brasileiro.
Tudo bem, a luta não é ainda, digamos assim, uma unanimidade.
Tem neguinho por ai que duvida até se a porradaria deve ser chamada ou não de esporte.
Até acho que é sim. Esporte sempre teve uma forte ligação com a barbárie. Desde que o primeiro cristão foi atirado aos leões do imperador romano.
 Óbvio que a luta-livre não tem a elegância e a sofisticação do boxe, como escrevi outro dia para o jornal Correio da Bahia.
Jamais chegará ao estilo de um Cassius Clay.
Infame comparação da minha parte. Deixa quieto. Mas aproveito o break para recomendar um livraço: “A luta” (The Fight) de Norman Mailer (ed.Companhia das Letras).
Para quem gosta de boxe, para quem deseja aprender sobre jornalismo literário, para quem aprecia a dança da vida.
Relata o duelo pelo título mundial dos pesos pesados entre o desafiante Muhammad Ali e o então campeão George Foreman. Zaire, 1974.
A pátria do vale-tudo de hoje desconhece tal beleza.
Mas há quem defenda sim, solenemente, que a pancadaria da UFC é esporte fino, coisa de luxo.
Os ingressos, no Rio, já bateram na casa dos R$ 5 mil. Ronaldo Fenômeno e Eike Batista, para citar apenas dois caras aperreados na vida, são símbolos desta nova torcida.
Como já cobri muito, como repórter, até briga de galo e de canário, deixo o veredito para vocês, amigos leitores. É esporte fino ou não é?
Há quem discorde com toda força e questione inclusive a sexualidade dos lutadores. Como o cineasta e cronista Arnaldo Jabor: “UFC é uma mistura de viadagem com sangue”.
Pegou pesado o diretor de “Eu sei que eu vou te amar”?
Pegou. Mas não está isolado nas cordas da opinião o comentarista global. Conheço muita gente que pensa o mesmo. É uma leitura freudiana que merece ser colocada na roda sim senhor. Ao debate livre, pois.
Como eu sou fã mesmo é da pole dance, pela beleza estética e principalmente pela sua origem nos cabarés e lupanares, aqui me despeço neste sábado de combate.
O ringue é de vocês, sensíveis leitores.
POSTADO POR MITXCHELL

Homem já demora mais no espelho que mulher


A metrossexualidade by Allan Sieber 

Desculpa aí, meu prezado, pela insistência no tema. Não é perseguição aos fofos metrossexuais. É mera obrigação do cronista de costumes com a história do afrescalhamento contemporâneo.
A vida como ela não deveria ser, mas fazer o quê?
É o apocalipse antes do apito final do cacique Maia.
O caso eu conto como o caso foi:
Minha amiga V. protesta: o novo namorado passa tanto tempo se emperiquitando na frente do espelho que o casal não consegue chegar na hora marcada nos compromissos sociais, shows, teatros, cinemas...
Brava, pede um conselho e, ao final da conversa, desata uma gargalhada nervosa. Só rindo mesmo.
Põe roupa, tira roupa, prova de novo, troca o casaco, muda a meia para combinar com a camisa, testa uns dez pares de tênis e sapatos.
“Uma esquizofrenia fashion do demo”, presta queixa a bela comadre.
Sem se falar nos cremes -é um lambuzamento maluco. Com o cabelo, seu maior exercício de vaidade, ponha ai, por baixo, uns 45 minutos, o tempo de um jogo de futebol.
É o que ela faz, aliás, fica vendo um joguinho do seu Corinthians enquanto o mancebo escolhe as peças do vestuário. 
Por mais que tente se distrair na tv ou na internet durante o processo de embelezamento do seu metrossexual paulistano, V. confessa que vai largá-lo.
O seu critério para a decisão é muito simples: não pode ficar com um homem que demore mais do que ela para ficar pronto e apto a enfrentar o mundo.
“Se pelo menos me deixasse em paz nesse momento”, relata a nobre afilhada de Balzac.
“Não, não deixa, mal consigo falar com os amigos no Facebook, é uma praga, ele fica me consultando para saber se um cachecol está melhor do que o outro”.
Como se não bastasse, começa aquela choradeira de que está sem roupa -mesmo com os armários e araras abarrotados de grifes e acessórios.
Quando ela acha que o cara, enfim, já está “montado”, pronto para a vida, o miserável confere o visual no espelho do elevador e resolve voltar para trocar a camisa.
Só matando, ela suspira. Foi exatamente neste momento em que telefonou a este cronista com o seu desabafo. 
Sintoma da transformação masculina, o episódio narrado pela amiga é cada vez mais freqüente nos lares doces lares.
Boa sorte, amiga V., na escolha do próximo homem.

HOMEM MITXCHELLL - EXTERMINADOR DE MACHOS

PROIBIDO PARA MENORES...

Gritos, sussurros e asma do amor

 
ilustração Manara

Não há mais dúvidas: quanto mais beira o verossímil, com gritos lancinantes na noite, como assimilamos do cinema, mais fingido é o tal do orgasmo.  

Nunca é condizente com a nossa performance e suor. Os melhores e mais recompensadores orgasmos guardam o bom preceito da educação dos gemidos. Um clássico!

Por mais megalomaníaco que seja Vossa Senhoria, recomendo que não acredite naquelas algazarras, feiras amorosas, sacolões do sexo, capazes de fazer os vizinhos pularem da cama só de inveja.

Aquela gritaria toda, meu amigo, só vale para provocar um problema dos mais graves. Deixará o casal que mora do outro lado da parede em pé de guerra, uma vez que a mulher, atenta à lição de gozo comparado, vai exigir mais, muito mais, mais e mais, e mais um pouquinho ainda, do seu colega de prédio ou de rua.

E o pior é que os gritos só costumam ocorrer quando o gozo não passa de truque, melodrama de fêmea, como canta a deusa La Lupe no filme Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos: “Teatro, lo tuyo es puro teatro/ falsedad bien ensayada/ estudiado simulacro/ fue tu mejor actuación/ destrozar mi corazón!”

O gozo desesperado costuma ter origens variadas, como me soprou o amigo W. Reich. O gozo desesperado costuma ser resultado de algum curso mal digerido de teatro amador, de formação em escola com viés jesuíta, interpretação errada dos manuais do Actors Studio, dietas à base de alcachofra e audiências tardias das onomatopéias do Led Zeppelin.

As melhores gazelas educam cedo os gemidos. Em vez de gritos que parecem mais apropriados para momentos de sequestro-relâmpago, a boa moça sussurra e balbucia safadezas no cangote do amado. 

Até a Amy Winehouse, a bela suburbana de Southgate, sabia disso. Mesmo depois do seu coquetel preferido –ecstasy, vodka, cocaína...- era capaz de um orgasmo educadíssimo. Mordia  um pouco, óbvio, pois sem dentadas, como já dizia tio Nelson, não há amor.

Sim, as que só mordem e tudo calam, nada falam... são as melhores! Vixe, como diria meu professor de ídiche.

Uma coisa é a gritaria, quase um SOS, edifício em chamas ou algum sinistro do gênero. Outra é a gemedeira gostosa, fungada sentida, sacanagem nas oiças, fogo nas entranhas, quase um decassílabo a cada descida, lirismo sem fôlego, a gostosa e inadiável asma do amor, me falta o fôlego, ave!, traz a bombinha!

MiTxCHELLLL