E eis que a pátria em chuteiras, como dizia o tio Nelson, vira a pátria do vale-tudo. Os novos heróis do esporte são onipresentes na tv e em todos os eventos bregas ou chiques. Na passarela do Fashion Rio, inclusive. Outro sintoma que prova a tese da pátria do vale-tudo: Galvão Bueno, o locutor oficial do futebol, passou a transmitir também as sanguinolentas pelejas da UFC, o novo xodó do cordialíssimo povo brasileiro. Tudo bem, a luta não é ainda, digamos assim, uma unanimidade. Tem neguinho por ai que duvida até se a porradaria deve ser chamada ou não de esporte. Até acho que é sim. Esporte sempre teve uma forte ligação com a barbárie. Desde que o primeiro cristão foi atirado aos leões do imperador romano. Óbvio que a luta-livre não tem a elegância e a sofisticação do boxe, como escrevi outro dia para o jornal Correio da Bahia. Jamais chegará ao estilo de um Cassius Clay. Infame comparação da minha parte. Deixa quieto. Mas aproveito o break para recomendar um livraço: “A luta” (The Fight) de Norman Mailer (ed.Companhia das Letras). Para quem gosta de boxe, para quem deseja aprender sobre jornalismo literário, para quem aprecia a dança da vida. Relata o duelo pelo título mundial dos pesos pesados entre o desafiante Muhammad Ali e o então campeão George Foreman. Zaire, 1974. A pátria do vale-tudo de hoje desconhece tal beleza. Mas há quem defenda sim, solenemente, que a pancadaria da UFC é esporte fino, coisa de luxo. Os ingressos, no Rio, já bateram na casa dos R$ 5 mil. Ronaldo Fenômeno e Eike Batista, para citar apenas dois caras aperreados na vida, são símbolos desta nova torcida. Como já cobri muito, como repórter, até briga de galo e de canário, deixo o veredito para vocês, amigos leitores. É esporte fino ou não é? Há quem discorde com toda força e questione inclusive a sexualidade dos lutadores. Como o cineasta e cronista Arnaldo Jabor: “UFC é uma mistura de viadagem com sangue”. Pegou pesado o diretor de “Eu sei que eu vou te amar”? Pegou. Mas não está isolado nas cordas da opinião o comentarista global. Conheço muita gente que pensa o mesmo. É uma leitura freudiana que merece ser colocada na roda sim senhor. Ao debate livre, pois. Como eu sou fã mesmo é da pole dance, pela beleza estética e principalmente pela sua origem nos cabarés e lupanares, aqui me despeço neste sábado de combate. O ringue é de vocês, sensíveis leitores. |
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