ATTENAS AULAS

domingo, 24 de julho de 2011

MAIS UM CAPÍTULO DA NOVELA: REDE BOBO E A CBF EM 2014, A ROBALHEIRA COME SOLTA EU E VOCÊ PAGAMOS A CONTA $

Globo pega R$ 30 mi para festinha da Copa

                                        

Depois dizem que é implicância. Mas caramba, a Globo vai receber R$ 30 milhões para organizar o evento em que será realizado o sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Quem vai pagar essa conta? Adivinha? A iniciativa privada? A Fifa? As empresas fantasmas de Ricardo Teixeira? Vai ser o governo do Estado e a prefeitura do Rio de Janeiro? Dinheiro público!

É o fim da picada. É muita cara de pau. É um descalabro. Perderam completamente o pudor. Por que o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes resolveram sangrar os cofres do povo para patrocinar um evento que deveria ser pago pelos donos da festa, a Fifa e a Globo? Por quê? Por quê?

Enlouqueceram? Claro que não. Essa turma faz isso há décadas, debaixo do nosso nariz. Todo mundo sempre soube que a conta toda dessa Copa do Mundo ia sobrar para o Estado brasileiro. Mas eles não precisavam exagerar. Faltou um mínimo de decência.

Os R$ 30 milhões pagos pelos contribuintes servirão para remunerar a Geo Eventos, empresa das Organizações Globo e do Grupo RBS. Ela foi contratada com exclusividade pelo Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 para conseguir patrocínios para a tal festinha, a ser realizada dia 30 de julho.

Dizem os representantes da Geo que foram ao mercado e não encontraram nenhuma empresa interessada em por a mão no bolso. Duvido. Foram direto aos amigos de sempre, na certeza de que seriam atendidos, sem nenhum esforço. E cabe a pergunta: se ninguém se interessou em patrocinar essa bagaça, por que logo o governo do Estado e a prefeitura teriam que se meter a trouxas?

Quando vierem as próximas enchentes, quando outro bueiro explodir, quando algum turista for assassinado na orla, quando houver um novo arrastão no Túnel Rebouças, todos temos a obrigação de lembrar como é usado o dinheiro dos cidadãos cariocas e fluminenses. Tá vendo como esse pessoal se liga em você?

MITxCHELLL HISTORIADOR FILOSOFO PROVOCADOR

Amy Winehouse e a sociedade do consumo




Por Maurício Caleiro, no blog Cinema & Outras Artes:

Ainda que soe chocante tal afirmação, seria inexato dizer que o anúncio da morte de Amy Winehouse surpreendeu as pessoas – as inúmeras e frequentes recaídas, as rehabs mil, e o estado físico e psicológico da cantora sugeriam que esse seria um fim provável, ainda que talvez não se esperasse que ocorresse tão cedo.

Mas o fato choca, é claro, pelo que diz sobre os tempos atuais, sobre a interrogação que nos lança a respeito do que nos transformamos enquanto sociedade, sobre a banalidade da vida em uma era em que o consumo de tudo – bens materiais, drogas, fama, embelezamento artificial – tem de ser intenso e insaciável, mesmo que o preço a pagar seja a própria vida.

Comparações

Nas redes sociais, neste momento, chovem comparações entre a cantora e a tríade de jovens mártires da contracultura formada por Jim Morrison, Janis Joplin e Jimi Hendrix – os “meus heróis morreram de overdose” a que se refere Cazuza, outro que cedo nos deixou.

Ainda que as drogas tenham desempenhenhado um papel fundamental em todas essas mortes (incluindo a de Amy, mesmo que a causa mortis venha a ser outra), não parece uma comparação procedente: as mortes dos três músicos dos anos 60 derivam de um mergulho tão desmedido quanto apaixonado num novo modo de vida, anticapitalista, comunitário, em que a primazia do econômico e do racional desse lugar ao cósmico, ao energético, ao intuitivo. E é justamente como meio de intensificação de manifestação destas forças (hoje novamente subvalorizadas) que as drogas - como “expansoras da consciência”, segundo o mote do “papa do LSD”, Timothy Leary -, tiveram então um papel central.

The dream is over

A tragédia maior da morte da tríade de músicos deriva, portanto, justamente da desmistificação não só do poder social das drogas, mas, em um nível muito mais profundo, da evidência da inviabilidade do projeto contracultural de transformação do mundo que Janis, Jimi e Morrison representavam.

“O sonho acabou”, decretaria John Lennon algum tempo depois, relegando os anos 60 – que o crítico neomarxista Fredric Jameson definiu como um período marcado por “uma imensa e inflacionada emissão de crédito superestrutural” - a objeto de culto de jovens de todas as idades, saudosos do que não viveram.

Porém, ainda que os neocons torçam o nariz e que os mais sensíveis se espantem com a comercialização de camisetas de grife com a face de Che Guevara estampada, o legado dos anos 60 permanece como força ideológica e política, como eventos tão díspares como a campanha presidencial de Obama e as novas relações trabalhistas adotadas por algumas das mais avançadas e bem-sucedidas empresas do mundo o demonstram.

Sob a marca do efêmero

O triste fim de Amy Winehouse, cantora de talento evidentíssimo, voz e técnica vocal únicas e excepcional presença de palco, pertence a outro âmbito, o do niilismo e da falta atual de perspectivas, no marco da passagem de “de uma sociedade da satisfação administrada para uma sociedade da insatisfação administrada”, na qual, ante a satisfação de um desejo, a recompensa do ego é tão fugaz que, mal consumado, outra demanda é imediatamente colocada, e assim sucessivamente – como diagnostica Vladimir Safatle, em sua releitura de Lacan. Amy, vida e morte, é só a parte visível de um amplo e preocupante fenômeno, cuja principal vítima é a juventude.

Deriva dessa toada a talvez mais chocante constatação ante a morte da cantora: faz só oito anos que, discretamente, o álbum Frank foi lançado, e três que o sensacional Back in Black chegou às lojas, transformando-a definitivamente em um fenômeno midiático, arrebatando legiões de fãs e fazendo com que seu visual fosse copiado por adolescentes de todo o planeta.

Talvez seja por isso que, embora Amy Winehouse nos deixe aos 27 anos de idade, a impressão é a de que morre uma adolescente. O que traz toda a sensação de desperdício e de necessidade de reflexão social que uma tal perda acarreta.

HISTORIADOR FILOSOFO MITxCHELLL