ATTENAS AULAS

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Lugar de filho de político é na escola pública

Ê vida de gado. Povo marcado. Povo feliz. Sai do meio que hoje estou popular, populista, meio lírico e meio comunista, como diria o amigo Antonio Prata.
E aqui, com esse alfabeto desenvolvido a partir de letras para ferrar bois, reverbero Zé Ramalho, o Bob Dylan do Brejo do Cruz, 100% cosmo-paraibano. 
Venho por meio desta lembrar dona Heroína, Heroína Taveira, minha primeira professora. Pública. Escola Rural Municipal Furtado Leite, Sítio das Cobras, Santana do Cariri, Ceará.
Entre a palha do milho e o pó de giz, Heroína era o que o batismo denunciava mesmo. Ganhava uma pataca da prefeitura e nos fazia ver a luz das letras.
Depois vieram outras e outras do mesmo gênero dos grandes feitos: heroicas de grupos escolares de Nova Olinda e Juazeiro do Norte.
Até a faculdade, começo em Ciências Sociais e depois Jornalismo (salve o CAC-UFPE), tudo ensino público e gratuito. Inclusive a boia, o pão-com-ovo ad infinitum e a dormida, xepeiro da CEU que fui, com muito orgulho.
Donde CEU vem a ser, amigo, a Casa do Estudante Universitário, Engenho do Meio, Recife.
Enfim, de tão público, incluindo crédito escolar da Caixa e um bico na biblioteca da universidade, sou quase um Xicobrás.
Por isso me doi mais ainda quando vejo esses resultados ai do Enem e a situação do ensino gratuito. Apenas três escolas entre as cem primeiras.
Nem carecia de exame algum pra gente saber que a situação é miserável.
As Heroínas continuam recebendo um faz-me-chorar. Nada de faz-me-rir no fim do mês. 
Tudo piorou mais ainda conforme a classe media foi migrando para as escolas particulares.
Tá de lascar, senhoras e senhores.
Daí que lembro do importantíssimo projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que tramita em câmera lenta no Congresso.
Obriga que todo e qualquer político, de qualquer nível, matricule seu filhote em escola pública.
Tudo bem, há quem ache populista. Que seja. Lindo. Se é demagógico ou populista, ótimo, precisamos desse tipo de populismo mesmo.
A lei, se aprovada, vai valer a partir de 2014, ano da zona da Copa. Seria um baita gol de letra –hoje estou amando trocadilhos, frases fáceis, didáticas, bora nessa, pressão na cambada.
Só assim melhoraríamos nossas escolas e a vida das nossas Heroínas.
Além do ensino, os administradores deveriam também ser obrigados a usar a rede de saúde pública.  Claro que rolaria umas trapaças, mas valeria a intenção de ensiná-los.
A educação pela pedra. E pela pedrada neles! Aqui fico com o encanto radical de sempre por João Cabral de Melo Neto.
Deixo um beijo e todo agradecimento a dona Heroína, hoje habitante da cidade de Teresina, Piauí, Estado que até fez bonito no Enem. Mas infelizmente apenas no ensino pago.
MITxCHELLL ORDINÁRIO HISTORIADOR FILOSOFO

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