POLÍTICA PARA NÃO SER IDIOTA
Cada vez mais frequentes no Brasil, como “política é coisa de idiota”. O que podemos constatar é que acabou se invertendo o conceito original de idiota, pois a expressão idiótes, em grego, significa aquele que só vive a vida privada, que recusa a política, que diz não á política. No cotidiano, o que se fez foi um sequestro semântico, uma inversão do que seria o sentido original de idiota.
Vale lembrar que, para a própria sociedade grega – nossa mãe antiga, idosa, agora um pouco desprezada -, não haveria liberdade fora da política. Quer dizer, o idiota não é livre porque toma conta do próprio nariz, pois só é livre aquela que se envolve na vida pública, a vida coletiva.
Uma discussão interessante a esse respeito se levantou, quando se aprovou em São Paulo a lei limitando o uso do tabaco em público. Muita gente a questiona de forma marota, mas, na verdade, o que a lei proíbe é que o indivíduo terceirize a sua fumaça. Não se proíbe ninguém de fumar, mas de fazer o outro aspirar ao seu fumo.
Encontramos indivíduos que não vão ás reuniões de condomínio de associação de bairros, por exemplo, porque não gostam, porque são reuniões chatas, ou porque há gritaria. Ora, não ir é um ato político, pois também a omissão política, ou seja, a recusa em participar da vida pública em qualquer instância , é uma decisão política. Vale tanto par um condomínio ou associação de bairro quanto para a inserção nos rumos da cidade, do estado, da nação e do planeta.
Penso que a um tédio pela política, e esse tédio vem também porque o jovem não encanta com a política. Existe um asco pela política, pois ela é associada á política partidária dos acordos espúrios e da corrupção, e existe um desprezo por se supor que política é uma coisa menor. O que me parece estranho é que em 2 mil anos, nós, no Ocidente, tenhamos transformado a concepção de política – que era o ápice da vida humana – de tal modo que hoje se entenda a política como safada e político como pilantra. Portanto, a mais nobre atividade da Antiguidade no Ocidente, da nossa mãe grego-romana, que era a política, passou a ser uma atividade considerada, agora, vergonhosa.
Em relação a corrupção os autores defendem a ideia de que a corrupção não aumentou; ela só está sendo mais percebida. Acredito que, quando tínhamos ditadura e obras em concreto, era enorme a corrupção. Como temos, hoje, muito menos obras em cimento – parece que cimento atrai comissão, atrai propina -, como existe mais transparência, a denúncia é maior.
A corrupção é a que há de mais antirrepublicano, porque vai na jugular da res publica, põem em xequea coisa pública e o bem comum. Isso é paradoxal: exatamente no regime democrático, que significa “poder do povo”, muitos cidadãos se sentem sem poder para vencer a corrupção. A maior percepção da corrupção e a consequente aversão que ela provoca, que são dados positivos, trazem junto uma sensação de impotência.
O homem político de Aristóteles é o homem de bem. Se para esse pensador grego o homem de bem era aquele que participava da política, vê-se que hoje prevalece a imagem oposta em frases do gênero: “Ele é um homem de bem, nunca se meteu em política”.
Aristóteles pregava que a finalidade da política é a felicidade, isto é, a eudaimonia.
Cortella, afirma ser necessário que a escola trate das diversas subdivisões do tema, explique a organização artidária, a política como ato do cotidiano etc. Acho que a política nos aproxima dessa condição. É tarefa também da educação escolar lidar com isso.
Os atenienses iam para a praça de decisões políticas, a ágora, em média uma vez a cada nove dias. A cada dois anos nós vamos ás urnas uma só vez, por ocasião das eleições; nesse mesmo espaço de tempo, eles teriam ido a umas 80 assembleias. Mas esta comparação suscita uma pergunta curiosa: como é possível que eles tivessem prazer em ir 80 vezes á ágora, quando hoje tantos se queixam de ter que votar uma vez a cada dois anos?
Devemos ver a política como arte que nos faz humanos;
O que nos torna mais humanos é justamente a capacidade do exercício da política como convivência e com conexão de uma vida.
Estamos entre os primeiros países no mundo que admitem a eleição para jovens de 16 a 18 anos.
Temos hoje uma democracia consolidada, algo inédito em nossa história.
Gosto muito quando Marx diz: “A humanidade nunca se coloca problemas que não possa resolver”. Afinal, a mesma situação que gera o problema, e a consciência dele, gera também os meios para resolvê-lo. Então, sem duvida, temos uma questão política que podemos resolver.
Temos que ter esperança do verbo esperançar e não do verbo esperar! Afinal de contas, ainda podemos evoluir para óbito...(Grifo: MITxCHELLL).
FICHAMENTO DO LIVRO E ADPTAÇÃO:
PROFº MITxCHELLL- HISTORIADOR FILOSOFO– DIRETO DO TIBET, UMBIGO DO MUNDO.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Política: Para não ser idiota / Mario Sergio Cortella, Renato Janine Ribeiro – Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2010.
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